ELEIÇÃO SEM REFORMA POLÍTICA E SEM A JUSTIÇA
SEPARAR O JOIO DO TRIGO SÓ VAI AGRAVAR A CRISE.
Segundo
o Ibope, no auge da crise dos caminhoneiros, um
terço dos brasileiros defendia intervenção militar imediata no país.
Outro percentual equivalente queria a realização de eleições antecipadas e
imediatas, para debelar a crise e 34% desconhecem as próximas eleições (indecisos, nulos e brancos).
Crise que, a cada dia se agrava mais, com um presidente da
República paralisado pelas pressões e rodeado de assessores que passam a
sensação de que estamos em uma nau à deriva. Turbulências pelo locaute que
paralisou o país e que expôs as fragilidades do governo, provocando o
tabelamento de fretes e a imediata reação do setor produtivo. As investigações
da PF. A ameaça de uma terceira denúncia da PGR. O real risco de prisão assim
que deixar o mandato. O natural nervosismo dos mercados, diante das incertezas
eleitorais. A dissolução da base de apoio no Congresso, com políticos tratando
de seus próprios interesses e da preservação das suas imunidades. Corporações
se aproveitando das fragilidades para avançar nas suas conquistas, pouco se
interessando pelo todo. E o mais grave: a postura claudicante daqueles de quem
sempre a Nação esperou vir o pulso forte para evitar o caos, que preferem
apontar para as eleições de outubro, como a solução para os nossos problemas.
Em suma, estamos caminhando para uma situação-limite, com a inversão de papéis
da sociedade e do Estado, provocada por governantes, por nós eleitos, que, em
vez de moldarem o Estado para servir a sociedade, submetem-na a sacrifícios
para atender escusos interesses, próprios e de seus grupos de apoio.
Esta
pesquisa do Ibope consolida a convicção de que somente nos livraremos do
aprofundamento desta grave crise que nos assola se os comandantes militares
tiverem a sabedoria para interpretar a aflição que domina a Nação e o
desprendimento para mostrar que a consolidação do Estado Democrático de Direito
não passa por intervenção militar, como a de 1964, e nem por antecipação de
eleições, mas, pelo contrário, passa pelo reconhecimento de que as eleições
marcadas para outubro somente agravarão a crise, com uma penca de candidatos
medíocres e a perspectiva de uma renovação abaixo da média das últimas eleições,
o que aponta mais para uma farsa, no melhor estilo do
sobrinho de Don Fabrizio, em "Il
Gattopardo", de Lampedusa: “A não ser que nos salvemos, dando-nos
as mãos agora, eles nos submeterão à República. Para que as coisas permaneçam
iguais, é preciso que tudo mude”. E estas eleições de outubro nada mais serão
do que uma farsa eleitoral para iludir ainda mais, os desesperançados
brasileiros.
Gianni Barbacetto, um dos autores de “Operação Mãos Limpas –
A verdade sobre a operação italiana que inspirou a Lava-Jato”, em entrevista na
Zero Hora (15/10/2016) foi enfático ao responder se a Operação Lava-Jato
provocará uma nova era na política brasileira: “Isso não depende do Poder
Judiciário, mas da política. É preciso,
no entanto, que a nova política realmente não tenha compromisso com o sistema
anterior”. “A política deve ser
renovada, caso contrário se muda a aparência, mas continua tudo como era antes”.
E estas eleições, do jeito que estão encaminhadas, passarão uma ideia de
mudança, mas para que as coisas permaneçam iguais.
Urge
que se prorroguem as eleições marcadas para que antes se faça uma cirurgia
reparadora, caso contrário, nos arriscaremos a mergulhar em uma crise cuja
reversão nos custará anos de sacrifício. Justifico.
Apesar
de ser motivo de satisfação, para os militares, saber que trinta anos depois de
serem escorraçados do poder, uma parcela expressiva da sociedade clama para que
voltem para impor, novamente, ordem e progresso, é preciso ter a grandeza para
mostrar que os tempos são outros e que, hoje, seria impossível repetir 1964.
Da
mesma forma, o que resolveria antecipar eleições, se estão marcadas para
outubro próximo? Eleição que, aliás, agravará a situação por uma série de
razões que cabem alinhar.
A
previsão é de que a renovação no Congresso Nacional não passe dos 30%, por uma
série de razões, o que associado ao excessivo número de partidos aponta para
uma grande segmentação, com nenhum partido fazendo mais do 10% da bancada de
deputados federais o que exigirá uma grande capacidade de negociação para obter
a maioria necessária para aprovar as urgentes reformas que se fazem necessárias
para que o país comece a andar no ritmo que as nossas demandas exigem. Segundo
os entendidos a tendência é que aumentem as resistências ao ajuste das contas públicas que o
novo governo terá de enfrentar, como as reformas política, fiscal e da
Previdência, por exemplo.
O
movimento das raposas felpudas que comandam o Congresso Nacional mostra
claramente que não estão muito preocupados com a eleição presidencial, mas com
a formação de uma base parlamentar que submeta o próximo presidente da
República, para que se mantenha o podre presidencialismo de coalizão que gerou
todas as roubalheiras dos últimos anos.
Esta,
a realidade que será enfrentada pelo próximo presidente da República e com a
qual deverá conviver durante seu mandato, com a necessidade urgente de aprovar
as reformas estruturantes, sem as quais, ficaremos patinando e perdendo terreno
na economia global e agravando os nossos problemas sociais.
Já
imaginaram o impasse institucional que teremos se o eleito for o atual líder
das pesquisas, o deputado Jair Bolsonaro, que insistentemente assegura que não negociará
cargos na construção da maioria parlamentar para a aprovação das demandas
necessárias para o país não se tornar inviável? Em entrevista com o youtuber Nando
Moura,15/02/2018, quando perguntado sobre como conseguiria o apoio
parlamentar, necessário para aprovar as suas demandas legislativas, assegurou
que “não é apenas votar em um presidente
que ele vai resolver o assunto, ele vai ter que ter um parlamento do seu lado,
que votem em deputados e senadores com perfil semelhante ao meu”, “quando
começar o período de propaganda eleitoral eu já terei meus 15 ministros”, pois
“se é para ficar no toma-lá-dá-cá, eu tou fora”. Dá para acreditar que será
possível eleger uma sólida maioria atrelada a um candidato polêmico, como
Bolsonaro, que nem amostra deu, ao longo dos seus 28 anos de parlamento, de que
possa agregar tal bancada, de quem só sabemos ser honesto e patriota e que não
abre brechas para a formação de uma coalizão, pois, de pronto, apresentará seus
ministros?
Coalizão
não significa corrupção, mas divisão de responsabilidades para governar. Angela
Merkel enfrentou as mais longas negociações da história da Alemanha para a
formação do seu atual Governo.
Honestidade
e patriotismo são condições necessárias a um presidente da República, mas não
suficientes, seguramente.
E
o que significa o “tou fora” de Bolsonaro, se não conseguir a maioria
necessária, no Congresso, para sustentar a governabilidade? O país não suportaria, no atual
estágio de ansiedade social, um novo Jânio Quadros e, muito menos, uma saída à
Hugo Chávez.
Estamos, repita-se, caminhando para uma situação-limite.
Dois anos atrás, em palestra no CMA, o presidente do STF fez um alerta, na presença do Comandante do
Exército: “a nação que nós estamos construindo, general Villas Bôas,
infelizmente está em perigo”, “estou extremamente preocupado com o mundo que
estamos vivendo hoje”.
Três anos atrás, o atual ministro-chefe do Gabinete
de Segurança Institucional, general Sérgio Etchegoyen, assegurava, quando Chefe do Estado Maior do Exército, que “o Exército tem duas grandes
preocupações: a preservação da coesão social e a preservação da nossa
soberania, qualquer coisa que atente contra isso aciona o nosso radar”. Agora
pergunta-se: o Brasil
aguentará conviver com a crise mais grave da sua história, em pleno processo
eleitoral, nesses tempos de raiva e indignação contra tudo e contra
todos, com este baixíssimo nível de potencial cívico em que se encontra a
Nação? Será que isso não basta para acionar o radar?
Está
mais do que na hora de os comandantes militares se conscientizarem de que na
crise não se busca o consenso, mas a convicção de que uma saída institucional para o atual impasse somente virá com uma
cirurgia reparadora, escorada na Constituição.
Não passo nem por perto de
querer dar a solução, mas cumpro meu dever de cidadão de participar do debate
nacional na busca de um rumo para esta, no dizer do comandante do Exército,
“nau à deriva” que, se nada for feito, poderá nos causar grande e irreparável
retrocesso.
A proposta
A proposta feita em Um novo
Estado Novo (21/12/2016) e
complementada em A nau
dos insensatos (7/11/2017) visava
evitar que os militares venham a se envolver em atividades que os afastem
daquelas previstas na Constituição, mas que, também, não fujam daquelas que ali
estão previstas, a começar pela defesa do Estado Democrático de Direito e de
seus fundamentos, cuja pedra angular é a soberania que estamos perdendo no
dia-a-dia, pois sem ela de nada valem os demais fundamentos (art.1º),
cidadania, dignidade da pessoa humana, valores sociais do trabalho e da livre
iniciativa e pluralismo político.
A proposta é isolar e blindar o presidente Temer e recorrer
ao art. 91 da CF/88, já regulamentado pela Lei 8.183/91 que dispõe sobre a
organização e funcionamento do Conselho de Defesa Nacional (CDN), um órgão de
consulta do PR nos assuntos relacionados com a soberania
nacional e a defesa do Estado Democrático de Direito (art. 1º).
Compete ao CDN, “opinar sobre a decretação do
estado de defesa, do estado de sítio e da intervenção federal” (art.
1º, parágrafo único, b).
Compõem o CDN (art.2º) o Vice PR, os presidentes da
Câmara dos Deputados e do Senado, os ministros da Defesa, Justiça, Relações
Exteriores, da Fazenda e os comandantes militares das três forças, sendo que o
PR poderá nomear membros eventuais (art.2º, §1°) e “poderá contar com órgãos
complementares necessários ao desempenho de sua competência constitucional”
(art.2º, §1°) e o CDN se reunirá por convocação do PR que poderá ouvir o
Conselho de Defesa Nacional mediante consulta feita separadamente a cada um
dos seus membros, quando a matéria não justificar a sua convocação (art.3º,
parágrafo único).
O CDN terá uma “Secretaria-Executiva
para execução das atividades permanentes necessárias ao exercício de sua
competência constitucional” (art.2º, §3°).
Cabe, pelo art.4º, ao GSI/PR executar as atividades
permanentes necessárias ao exercício da competência do CDN, podendo “ser
instituídos, junto ao GSI/PR, grupos e comissões especiais, integrados por representantes de órgãos e entidades,
pertencentes ou não à Administração Pública Federal” (art.4º, Parágrafo único). Com base neste dispositivo, poderiam
ser formadas comissões para propor as reformas estruturais mais importantes,
como a Política, a Previdenciária, a Trabalhista e a Tributária, visando a sua
implementação imediata.
Os três comandantes militares (MB, EB e FAB), o
Secretário Geral/CDN e contando com o general Etchegoyen, como ministro-chefe
do GSI/PR, convenientemente formatado, enquadrariam todas as cirurgias
necessárias como assuntos de “soberania
nacional” ou de “defesa do Estado Democrático de Direito”. Alinho
alguns:
1. Reforma política, nos termos da proposta em Um novo
Estado Novo: Presidencialismo
com Poder Moderador, onde o Presidente da República, eleito pelo voto direto do
povo, não acumula a Chefia de Estado com a Chefia de Governo que o engessa, mas
tem uma tríplice e decisiva missão: compor o Governo, seu Ministério, desde o
Primeiro-Ministro para a Chefia de Governo, passível de demissão pelo
Parlamento ou pelo próprio Presidente; exercer o Comando Supremo das Forças
Armadas e da Segurança da Nação; e, em nome da Nação, comandar e promover a
Política Externa. E os poderes Judiciário e Legislativo.
2.
Reforma Previdenciária
3.
Reforma Trabalhista
4. Revolução no Ensino Fundamental: nos
termos da proposta em Um novo
Estado Novo. Existe
maior déficit de soberania em um mundo, em que o capital moderno é o do
conhecimento, quando sabemos que o nosso ensino fundamental é um dos piores do
mundo, visto que hoje nos encontramos em 70/77, no ranking OCDE? Caso não se
faça uma revolução no ensino inviabilizaremos o sonho da criação de um Brasil
melhor, com uma liderança mundial, pelo potencial que Deus nos deu. A
valorização do professor com vigorosa melhoria salarial e exigência de um
retorno em excelência no ensino. Esta cirurgia, além de necessária e urgente,
com um plano de implementação de, no máximo, cinco anos. Habilmente
implementada, poderá resgatar a massa de professores que, por pura insensatez,
foi jogada no colo da Esquerda.
5.
Matriz Salarial Única: nos
termos da proposta em Um novo
Estado Novo, para enquadrar
todos os servidores do Estado, acabando com as castas e com os privilégios das
corporações mais poderosas alojadas na Judiciário e o MP.
6.
Revolução Tributária: A ideia é
aprofundar a tendência dos constituintes de 1988 de pautar o sistema de
financiamento do Estado por uma profunda desconcentração financeira que
invertesse o fluxo dos recursos arrecadados, transformando o município no único
arrecadador de tributos, com uma ampla autonomia fiscal, dentro de limites
pré-estabelecidos, e com a obrigação de recolher somente dois tributos para
custear os orçamentos federal e estadual.
O
município poderia montar a matriz tributária que melhor se ajustasse às suas
características, na busca de competitividade, graduando a carga dos diversos
tributos dentro da faixa estabelecida pela União.
O sistema
de arrecadação e fiscalização seria o mesmo. O que alteraria seria o destino
dos recursos arrecadados a ser determinado pelo endereço fiscal dos contribuintes,
pessoa física ou jurídica.
Muitas
são as vantagens. Todas, no sentido de se criar um Estado federativo mais
moderno, dinâmico e democrático.
Facilitaria
o controle social. O prefeito é o executivo público mais acessível ao cidadão.
É no município onde vivemos. Menor seria a sonegação pelo comprometimento do
contribuinte com a sua cidade.
Acabaria
o passeio do dinheiro, uma das maiores fontes de desperdício e de corrupção.
Acabaria o clientelismo que desfigura o Orçamento da União. Fortaleceria o
regime federativo.
Os
municípios começariam a se compor na busca de soluções regionais e de
competitividade. As microrregiões formadas teriam mais facilidade para
progredir, mais liberdade para se articular e se inserir na economia
globalizada. Criaria um ambiente de estimulo à formação do capital social,
necessário ao desenvolvimento sustentado.
Acabaria
a indústria das emancipações que só causam desperdícios. A emancipação exigiria
uma reflexão dos cidadãos quanto à capacidade de custear a construção da infraestrutura
pública e de pagar os dois tributos, o federal e o estadual.
As
dificuldades iniciais, os desequilíbrios, seriam compensados pelos municípios
mais ricos que preferirão exportar seus excedentes de riqueza a importar a
miséria que chega, se instala e gera custos de toda ordem. Simplicidade,
eficiência e transparência.
Induvidosamente,
esta proposta colocaria a totalidade das prefeituras ao lado do Governo,
independente das cores partidárias, pois o prefeito é orientado pelas demandas
da sua comuna.
A
migração do estado atual para o de reforma plena exigiria um prazo para
capacitar municípios a gestão dos recursos arrecadados.
7.
Intervenção federal no RJ com a decretação do
Estado de Sitio, “por todo o tempo que perdurar a guerra” (CF,
art.137, II/art.138, §1º) porque se reúnem todos os componentes para
caracterizar a situação como uma guerra híbrida. Existem 853 áreas em que o
Estado não mais detém o domínio do território o que ameaça à integridade
nacional (CF, art.34, I) e seus moradores vivem submetidos ao terror por
traficantes ou milícias com grave agressão aos “direitos da pessoa humana” (CF,
art.34, VII, b). Pesquisa recente do Datafolha aponta que 72% dos seus
moradores, se pudessem, abandonariam o RJ para fugir da violência o que se
caracteriza como um “grave comprometimento da ordem pública” (CF, art.34, III)
sendo o RJ um estado falido que está a exigir a reorganização de suas finanças
(CF, art.34, V).
8.
Adiamento das eleições de outubro/2018 e
prorrogação dos mandatos.
Concordo plenamente.
ResponderExcluirAbraço Pericles.
Leia tudo...
ResponderExcluirSomos contemporâneo de AMAN, sou de 62,Marques da Rocha,. já pedi´demissão do GBOEX fui demovido de faze-lo a pedido de companheiros de turma que estavam na diretoria. Estou indignado com a situação atual. Penso que seria importante iniciar um movimento para defender nossos direitos. Vo ainda não chegou aos 83 anos, aletro que dai para frente iniciará a pagar mensalmente os R$ 100.000,00, de premio, mas o GBOEX nos dá uma alternativa, em caso de suicídio a família receberá em dobro. Um abraço Marques da Rocha
ResponderExcluir